Intercâmbio em Londres, como tomei a decisão de ir

17:09 | sexta-feira,07 | set '18
 

Como a ideia de fazer um intercâmbio em Londres surgiu na minha vida?

por Pamela Piazentin, fundadora da Teraví

 

Há vários e bons anos atrás, eu estudava antropologia, trabalhava com RH em uma empresa que eu ADORAVA e estava para me formar. Entre os muitos momentos de ócio criativo que só o ambiente da faculdade proporciona, uma amiga e eu falávamos sobre vida e carreira, quando ela pronunciou a seguinte frase: “vamos viajar para a Inglaterra e estudar inglês”?

Whow! Aquela frase bateu em mim de um jeito que nem sei explicar. As imagens do Big Ben e dos guardas da rainha invadiram minha cabeça imediatamente. E não saíram mais de lá. 

Eu sempre, sempre quis estudar fora, desde a adolescência, mas minha família não tinha grana e, mesmo que tivesse, meus pais não tinham o conhecimento necessário para se sentirem seguros. Mas agora eu já era adulta, já trabalhava e já tinha umas economias. Pouquíssimo tempo depois da conversa com minha amiga, eu me decidi. E tinha que ser naquele momento, porque “depois que fosse efetivada e me atolasse nas responsabilidades da vida adulta, eu não iria conseguir” – eu pensava. E tinha que ser Londres! Não me via em nenhum outro lugar.

 

Eu nasci e fui criada no interior de São Paulo. Vivia rodeada pelo carinho da minha família, que morava quase inteira em Porto Feliz, além de já estar em um relacionamento sério há alguns anos. E pra deixar a situação mais complicada, ninguém próximo a mim tinha feito uma viagem parecida. E, como eu falei ali em cima: meus pais não conseguiriam me ajudar financeiramente. Assim, pra fazer acontecer aquela ideia maluca, eu precisava de duas coisas: grana e coragem.

Medo

Por conta dele, eu quase perdi de viver uma das mais importantes experiências da minha vida. Que bom que foi quase… O medo era geral e estava presente em quase todas as situações: medo de sentir saudades, de acontecer alguma coisa com alguém e eu não estar presente. Medo de perder um emprego legal, postergar em um ano minha formatura, ter um “buraco” no meu currículo, medo de avião. Eu também não parava de me perguntar se deveria investir todo o dinheiro que eu tinha e como ficar 8 meses longe do meu namorado.

Foi nessa época que minha relação com o medo começou a mudar. Entendi que ele é um sentimento importante, porque me ajuda a não fazer besteiras, a não me jogar do abismo. Hoje, vejo o medo como um disparador de luz vermelha bem vibrante sempre que eu me encontro em todas as situações complicadas e que exigem minha atenção. Mas que, em hipótese nenhuma, ele tem que me fazer dar dois passos pra trás e nenhum passo pra frente, ou me fazer da gente desistir de alguma coisa que lá dentro de mim eu sei que é a coisa certa. 

E foi aí que eu não desisti.

O envolvimento da família

Nunca vou me esquecer do desespero dos meus pais quando contei a eles sobre meus planos. Não contei de supetão tudo de uma vez; ao contrário, fui plantando a ideia um pouco aqui, um pouco ali, até que eles perceberam que era pra valer, mas ainda assim não apoiaram.

Foi um período super complicado pra mim, emocionalmente falando. Até a última semana, eles ainda não me apoiavam 100%. Sempre que eu tentava tocar no assunto, uma expressão de terror tomava conta deles. Eu sozinha em outro país? Por tanto tempo? E se ficasse doente, se fosse atropelada, assaltada, raptada? Se não me adaptasse, se ficasse deprimida? Se fosse enganada, machucada? Se me perdesse na madrugada e não conseguisse voltar pra casa?

Eles estavam morrendo de medo. Se toda aquela história de “vou fazer intercâmbio em Londres” era extremamente nova pra mim, imagina para eles? 

Trabalho dobrado para conseguir o dinheiro

Eu poderia ser a menina mais corajosa do mundo, mas se eu não tivesse a grana, eu não ia a lugar nenhum. Foi aí que eu comecei a guardar cada centavo que sobrava do meu salário de estagiária e me tornei professora de uma turma de supletivo num programa do governo estadual.

Minha agenda então passou a ser: estágio de segunda a sexta, faculdade à noite três dias por semana e turma de 25 alunos do supletivo todos os finais de semana, TODOS. E assim foram 18 meses: engordando meu porquinho eu sonhando com a neve, com o chá das 5 e com as badaladas do Big Ben.

Escolhas

Como eu comecei a me planejar com quase 1 ano e meio de antecedência, eu tive tempo para aprender muito sobre o país e fui me apaixonando por Londres antes mesmo de conhece-la. A coragem foi, então se aconchegando em mim sem que eu percebesse e fui me sentindo cada vez mais segura. E fui descobrindo que podia ser dona das minhas escolhas.

Meus pais continuavam relutantes e a empresa que eu trabalhava, e amava, havia me feito uma proposta incrível de efetivação. Embora tudo me balançasse, nada me convencia. Como uma amiga de infância me falou na época, eu estava implacável. Uma das sensações mais prazerosas que eu sentia era dizer não para todas as propostas que fossem na direção contrária do eu plano: não, obrigada, vou fazer intercâmbio em Londres.

Sim, eu sabia que teria que abrir mão de coisas importantes, mas não é isso que todo mundo faz da hora que acorda até a hora que vai dormir? Eu não acredito que tenha certo e errado. Acredito que a melhor decisão é sempre aquela que a gente toma; o resto é só especulação. Uma vez que escolhi por onde seguir, não abri muito espaço para “e ses”.

 

A verdade é que eu já estava louca pra conhecer Londres. Eu já sonhava intensamente com isso. Aquela era a experiência da minha vida, só minha. Queria viver e sentir tudo aquilo sozinha, porque sabia que ela seria transformadora. 

E por mais que eu tivesse sonhado, eu jamais (mesmo que tivesse visto 1 milhão de vídeos e blogs), jamais poderia imaginar como aqueles oito meses de intercâmbio em Londres seriam mágicos, surpreendentes e como eles me mudariam pra sempre.

Mas esse é um assunto para um outro post. 😉

intercâmbio em Londres

Um outro texto muito parecido com este foi originalmente escrito pela Pamela no blog pessoal de viagens dela, o Contos da Mochila, e pode ser acessado por este link: Intercâmbio: como é tomar a decisão e quais as delícias que ela traz.

 


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